Santos: Conselho Deliberativo Aprova Orçamento 2026 com Déficit de R$ 94 Milhões

O Conselho Deliberativo do Santos concedeu seu aval à proposta orçamentária para o ano de 2026, apresentada pelo Comitê de Gestão de Marcelo Teixeira. Embora a previsão aponte para um incremento nas receitas, o documento revela um déficit projetado de R$ 94 milhões, levantando questões sobre a saúde financeira do clube no último ano da atual administração.

A deliberação, ocorrida na última segunda-feira, contou com a participação de 120 conselheiros. A maioria, 75 votos (equivalente a 63% do total), seguiu a recomendação do Conselho Fiscal e se posicionou favoravelmente à aprovação. Contudo, uma parcela expressiva de 44 conselheiros (36%) manifestou-se contra a proposta, com uma abstenção registrada. Os resultados da votação podem ser visualizados na tabela a seguir:

As projeções financeiras para 2026 indicam um otimismo quanto à captação de recursos. O clube espera elevar sua receita de R$ 423 milhões, orçados para 2025, para expressivos R$ 592 milhões no ano subsequente. Esse salto de aproximadamente 40% é impulsionado, em grande parte, por R$ 178,7 milhões em valores extraordinários, que incluem, por exemplo, possíveis negociações de atletas.

Projeções Financeiras: Entre o Otimismo da Receita e o Déficit Persistente

No entanto, esse aumento substancial de arrecadação convive com a sombra de um déficit projetado em torno de R$ 94 milhões. A principal razão para o resultado deficitário reside na previsão de despesas consideráveis, estimadas em R$ 174 milhões, destinadas ao pagamento de dívidas acumuladas, cumprimento de obrigações com o elenco, além de provisões e reversões de perdas decorrentes de processos jurídicos. Sem essas obrigações históricas, o clube projetaria um superávit de R$ 79 milhões, evidenciando o impacto do passivo no balanço geral.

A aprovação deste orçamento ocorre em um momento de transição regulatória importante para o futebol brasileiro. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) implementará, a partir de 2026, o Fair Play Financeiro, que visa obrigar os clubes a operarem com déficit zero. Embora no período inicial de transição a regra preveja apenas advertências para aqueles que apresentarem resultados negativos, a persistência de um déficit robusto pode sinalizar desafios futuros para o Santos em se adequar às novas diretrizes.

Desafios Iminentes: O Peso da Dívida e o Alerta do Fair Play

Além da avaliação da proposta orçamentária para 2026, a reunião do Conselho Deliberativo também incluiu a apresentação do terceiro balancete trimestral de 2025. Neste relatório intermediário, foi emitido um alerta específico em relação ao contrato de Neymar, indicando a necessidade de reavaliação de valores e o impacto que tal compromisso pode ter no equilíbrio financeiro do clube. Este apontamento sublinha a complexidade da gestão de grandes contratos e seus reflexos na saúde econômica do Santos , demandando atenção redobrada da diretoria.