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Dívidas de Corinthians, Santos, Grêmio, Atlético-MG com Cuiabá | Impacto Financeiro no Futebol Brasileiro

Por Redação FutSantos em 06/06/2025 12:33

No intrincado universo do futebol nacional, onde a disparidade de recursos é uma constante, a saúde financeira dos clubes de menor porte frequentemente se vê à mercê das práticas de grandes potências. Um exemplo gritante dessa dinâmica vem à tona com as recentes declarações do presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, que expôs publicamente um panorama de inadimplência que ultrapassa a marca dos R$ 40 milhões. Este montante, fundamental para a sustentabilidade de uma agremiação em ascensão, é devido por quatro pilares do esporte brasileiro: Corinthians, Santos, Grêmio e Atlético-MG.

A insatisfação do dirigente não é um episódio isolado. Desde a temporada anterior, Dresch tem sido uma voz ativa contra a morosidade nos repasses, uma situação que compromete diretamente a capacidade do Dourado de honrar seus compromissos e planejar seu futuro competitivo na Série B. Em todas as instâncias, o clube mato-grossense viu-se obrigado a recorrer à Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), um claro indicativo da falta de diálogo e cumprimento de acordos.

A Desilusão com Clubes Tradicionais

Entre os casos mais emblemáticos, figura a pendência com o Atlético Mineiro, referente à transação do atacante Deyverson. Cristiano Dresch aguarda com expectativa uma resolução judicial, com a expectativa de que uma sentença seja proferida entre setembro e outubro deste ano. A convicção é que o clube mineiro será compelido a efetuar o pagamento. A situação é particularmente irritante para o Cuiabá, que, ao vender o jogador em parcelas, depositou confiança na reputação e solidez financeira da família Menin, notórios empresários de Minas Gerais. A quebra dessa expectativa, com a ausência do pagamento na data aprazada, é um golpe na confiança e na gestão de qualquer clube.

Como eu disse no caso do Atlético Mineiro: nós vendemos parcelado, confiando na credibilidade da família Menin, grandes empresários do estado de Minas Gerais. Não vimos problema em vender um jogador a prazo. Mas chega o dia do pagamento... e você não recebe.

Em busca de esclarecimentos, a equipe de reportagem tentou contato com o Atlético Mineiro, que, até o momento, não apresentou um posicionamento oficial.

Outra situação que o presidente classificou como "ridícula" envolve o Grêmio. O clube gaúcho, segundo Dresch, recebeu uma parcela de R$ 700 mil referente a uma negociação com o Vitória no dia 15 de março, e deveria ter repassado a parte do Cuiabá. Contudo, o valor não foi transferido. O Grêmio, por sua vez, defende que propôs um parcelamento da dívida, mas o Cuiabá preferiu acionar a CNRD, deixando-os à espera de uma deliberação judicial para efetuar o pagamento.

Temos também a situação do Grêmio, que é ridícula ? vou usar a mesma palavra que usei em relação ao Corinthians. O Grêmio recebeu o valor do Vitória no dia 15 de março e deveria ter repassado a nossa parte. Eram cerca de 120 mil dólares, dos 300 mil que temos direito (40%), e não nos pagaram.

Débitos Críticos: Santos e Corinthians

A intransigência do Santos também foi alvo de severas críticas por parte do dirigente cuiabanista. O clube paulista acumula uma dívida de aproximadamente R$ 16,3 milhões, montante referente à parcela final da venda do atleta Joaquim, somada a valores de uma negociação com o Tigres, do México. O pagamento, que deveria ter sido efetuado em janeiro, não ocorreu, e as tentativas do Cuiabá de buscar um acordo foram infrutíferas devido à ausência de retorno do Santos . Diante da inércia, a CNRD foi acionada. O Santos , em sua defesa, confirmou a existência do débito, que inclusive consta em seu balanço financeiro, mas alegou que sua quitação dependerá do avanço do processo nas vias judiciais.

O Santos nos deve R$ 16,3 milhões, aproximadamente. Esse valor se refere à última parcela da venda do Joaquim, além das parcelas relativas à negociação com o Tigres, do México. Eles deveriam ter nos pagado em janeiro. Não pagaram. Tentamos várias vezes um acordo, mas não conseguimos nenhum retorno do Santos. Por isso, acionamos a CNRD.

No topo da lista de devedores, com o maior valor, está o Corinthians, que possui uma pendência de quase R$ 18,5 milhões. Apesar da vultosa quantia, há uma previsão de pagamento para o dia 17 de julho, quando se encerra a primeira parcela do plano de recuperação estabelecido pela CNRD. A despeito da aparente programação, a diretoria corintiana não se manifestou quando procurada para comentar o assunto.

Nós temos hoje quatro clubes que nos devem. O Corinthians deve R$ 18 milhões ? quase R$ 18,5 milhões ? para o Cuiabá. Está previsto para nos pagar em julho, no dia 17. Vence a primeira parcela do plano coletivo que eles fizeram na CNRD.

O Impacto Financeiro e a Nova Política de Mercado

A seguir, um resumo das dívidas detalhadas pelo presidente do Cuiabá:

Clube Devedor Atleta Envolvido Valor Devido (aproximado)
Corinthians Raniele R$ 18,5 milhões
Santos Joaquim R$ 16,3 milhões
Grêmio Pepê R$ 700 Mil
Atlético-MG Deyverson R$ 4,6 milhões

A postura dos clubes devedores levou o presidente do Cuiabá a refletir sobre a política de transferências futuras da agremiação. Com um tom de indignação, Dresch questionou a lógica de negociar atletas com entidades que não honram seus compromissos financeiros. Ele ressaltou a existência de "clubes sérios e organizados", como o Red Bull Bragantino, que servem de contraponto a essa realidade. Para o Cuiabá, um clube em ascensão e com ambições de mudança de patamar, a comercialização de jogadores ? seja via formação, captação ou revenda ? representa a espinha dorsal de seu crescimento e evolução.

Como eu vou vender jogador para um clube que me deve? Isso nem tem cabimento. Acho que a gente tem outras opções, clubes sérios, organizados. Cito, por exemplo, o Red Bull Bragantino. Mas é uma realidade que o Cuiabá vai enfrentar por muitos anos. O Cuiabá é um clube que está crescendo, e a venda de atletas ? seja pela formação, captação ou compra para revenda, como nos casos que acabamos de citar, jogadores que o Cuiabá comprou e vendeu ? é a única forma que vai fazer o clube crescer e mudar de patamar.

A principal emoção gerada por essa conjuntura é a frustração. Enquanto o Dourado se vê compelido a buscar recursos no mercado financeiro para assegurar seu fluxo de caixa e cumprir suas obrigações, os clubes inadimplentes, em sua maioria, continuam a realizar contratações vultosas e a investir pesadamente, uma dicotomia que sublinha as profundas desigualdades e as práticas questionáveis que permeiam o futebol brasileiro.

O que causa isso? irritação. A gente ouve todo dia que esses clubes estão contratando, gastando, investindo... E nós aqui, numa realidade de Série B, muito difícil, precisando do dinheiro, tendo que recorrer ao mercado financeiro para poder honrar o nosso fluxo de caixa.

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