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Cleber Xavier: Imersão Total, Filosofia de Jogo e Reencontro Familiar no Santos FC

Por Redação FutSantos em 01/06/2025 08:12

Há aproximadamente um mês à frente da equipe técnica do Santos Futebol Clube, Cleber Xavier prepara-se para um reencontro significativo com a Vila Belmiro neste domingo, em partida válida pela décima primeira rodada do Campeonato Brasileiro, enfrentando o Botafogo. Mais do que a atmosfera do estádio, o confronto marca também o tão aguardado retorno da esposa, Georgia, e da filha, Nina, após um período de intensa dedicação que o levou a uma espécie de "internato" nas instalações do clube.

A Imersão Total do Comandante Santista

Conhecido carinhosamente por seus colaboradores como Clebinho, o treinador tem dedicado mais de doze horas diárias ao Centro de Treinamento Rei Pelé. Sua rotina exaustiva visa encontrar soluções para os desafios que o time enfrenta, buscando afastar a equipe das últimas posições da tabela classificatória o mais rapidamente possível. Em certos momentos, sua imersão foi tamanha que ele chegou a residir no próprio CT. Com a recente aquisição de um apartamento em Santos , cujas chaves foram entregues na última segunda-feira, a chegada da família representa não apenas um alívio pessoal, mas a esperança de transformar o ambiente de constante pressão e críticas que cerca o clube em um porto seguro.

Xavier descreve sua jornada diária com uma disciplina notável: "Sou o primeiro a chegar e o último a sair. Chego antes das 7h e saio 19h. É um prazer. Sem minha família aqui, não saio. É foco no trabalho. Não há tempo para respirar. Sou um cara de natureza positiva e não vejo outras coisas no clube fora do ambiente do futebol. Hoje, o futebol está muito teorizado. Você precisa estudar o jogo, eu peguei o trabalho do Pedro Caixinha, diferente do meu. Ele trabalhava pressão alta e individualizada. Eu trabalho zonas na marcação, rodar e agredir rápido em determinados momentos. Agredir o rival e chegar lá precisa encontrar os caminhos, isso depende também da criatividade do atleta, das características e dia bom", revelou o técnico.

Cleber Xavier: Imersão Total, Filosofia de Jogo e Reencontro Familiar no Santos FC
Foto: (Divulgação)

A Estratégia por Trás do Trabalho Intensivo

A filosofia de trabalho de Cleber Xavier transcende o campo de jogo. Ele se descreve como um "faz tudo" no processo de gestão da equipe, demonstrando um interesse abrangente por todas as áreas que impactam o desempenho do elenco. "Brincam que eu sou um faz tudo: ligo a TV, o rádio, o computador, tudo ao mesmo tempo, quero saber de todos os assuntos. No trabalho, é assim, também, gosto de ter as coisas paralelas. Não abro mão disso aqui (aponta para o celular e o bloco de notas). Gosto de saber da parte médica, da área de scout, quem está em alta na observação. Quero saber quais são, quero olhar e colocar para comissão olhar comigo. Digo esse não quero, porque já vi, conheço e estudei, ou quero conhecer mais. Não gosto de saber quem é o agente e nem valores. A única coisa que me proponho a fazer é se conhecer o atleta, ligar e conversar", complementou, evidenciando seu compromisso com uma visão holística na formação e manutenção do elenco .

A meta primordial do treinador é, evidentemente, acumular o máximo de pontos possíveis nas próximas rodadas. Contudo, para atingir esse objetivo, ele estabeleceu metas intermediárias, como nivelar fisicamente todo o plantel. A expectativa é que essa condição ideal seja alcançada apenas durante a pausa para a disputa da Copa do Mundo de Clubes, período que também poderá ser estratégico para a concretização de novas contratações.

O Trajeto de um Auxiliar a Líder Técnico

A transição de Cleber Xavier para a função de treinador principal, iniciando sua carreira solo em outubro do ano passado, foi um passo estratégico. Ele traz consigo uma parte significativa da comissão técnica que o acompanhou ao lado de Tite em dois ciclos de Copa do Mundo, o que lhe confere uma base sólida de experiência e conhecimento. Nos meses que antecederam sua chegada ao Peixe, Xavier dedicou-se intensamente ao estudo do mercado de clubes brasileiros, negociando com Grêmio e Amazonas antes de aceitar o convite santista.

Sua preparação para o desafio era evidente. "Quando eu recebo a ligação do Santos , eu já estava preparado. Já estudava os times, situações, tinha uma visão mais ampla. Eu já vinha me preparando como auxiliar e fui ganhando espaço. Nos últimos 17 anos, eu trabalhei em quatro lugares. São momentos bons e ruins. Bem a cara do futebol brasileiro. Vivi tudo isso de dentro e já tinha naturalidade para entrar nesses momentos de pressão", afirmou. A experiência acumulada ao longo de quase duas décadas em diferentes contextos do futebol brasileiro, incluindo períodos de alta pressão, moldou sua capacidade de adaptação.

Ele detalha sua experiência prévia com outros clubes, o que reforça sua visão estratégica. "Em dezembro, o Grêmio fez uma entrevista de duas horas comigo. Situação parecida com a do Santos . Entendiam meu trabalho e que eu seria a pessoa. Mas o Grêmio desiste por medo de pressão externa. Saiu uma figura muito grande como o Renato Gaúcho. Lá no Sul, a pressão é muito grande, conheço. Eu já estava me preparando sabendo que a minha entrada no mercado seria no sentido do time não estar bem. Assim que é o futebol. Na Série B, seria aposta no treinador. O Amazonas eu estive perto, mas demoraram a tomar decisão e eu desisti: se vai começar assim, não vou querer", explicou, revelando sua perspicácia em identificar e evitar cenários que não se alinham com seus objetivos ou com a seriedade que espera do trabalho.

A Dimensão Pessoal na Liderança Esportiva

A mudança para Santos representou um sacrifício pessoal notável. Cleber teve menos de 24 horas para se despedir de Nina, sua filha caçula de oito anos, antes de iniciar sua jornada. Essa despedida, embora marcada pela alegria da nova fase profissional, veio acompanhada da inevitável dor da separação familiar. "Eu tenho um filho de 31 anos que se acostumou com a vida de viajar para nos encontrarmos. Mas com a Nina não, ela nasceu no Rio de Janeiro quando eu estava na seleção brasileira, algo que te dá tempo com a família. E no Flamengo, eu estava em casa toda hora. Quando contei sobre o Santos , vi a lágrima escorrer no rosto dela e o sorriso ao mesmo tempo. Até brinquei: 'eu sei, filha, você está feliz e triste ao mesmo tempo...'. Vamos levando até o fim do ano essa vida", compartilhou o treinador, expondo a complexidade emocional de sua escolha de carreira.

Essa saudade será, por ora, mitigada pelo reencontro familiar neste fim de semana. A presença da esposa e da filha em Santos , antes do confronto contra o Botafogo, oferece um respiro e a possibilidade de um novo alento. Até o momento, o desempenho do Santos sob o comando de Cleber Xavier registra três empates, duas derrotas e apenas uma vitória em seis jogos, um indicativo dos desafios que ainda precisam ser superados para que o ambiente de pressão se transforme, de fato, em um "lar" para o clube e sua comissão técnica.

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