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Vojvoda no Santos: O Plano Tático para Resgatar a Grandeza do Peixe

Por Redação FutSantos em 23/08/2025 11:53

A diretoria santista moveu-se com agilidade para oficializar Juan Pablo Vojvoda como o novo comandante técnico. Assinando um compromisso válido até o encerramento de 2026, o estrategista argentino superou a disputa com Jorge Sampaoli e recebe uma nova oportunidade no cenário futebolístico brasileiro. Sua passagem pelo Fortaleza é amplamente reconhecida como um marco histórico, um feito raramente testemunhado no país, pela solidez e pelos resultados alcançados.

Durante um período de quatro anos e dois meses à frente do Leão do Pici, Vojvoda imprimiu ao time uma notável competitividade e acumulou uma série de conquistas importantes. Seu legado inclui:

ConquistaAno(s)
Copa do Nordeste2022, 2024
Campeonato Cearense2021, 2022, 2023
Primeira Classificação à Libertadores?
Final da Copa Sul-Americana2023

Essa trajetória de sucesso no Nordeste agora cede lugar a um desafio de natureza distinta na Baixada Santista. O novo treinador terá a responsabilidade de extrair o máximo potencial do elenco atual do Santos, contando com a progressiva integração de Neymar para afastar o persistente e incômodo espectro do rebaixamento. A questão premente é: como se configurará a equipe do Santos sob a orientação de Vojvoda? De que forma ele articulará as peças disponíveis? Para desvendar essas incógnitas, é fundamental examinar em detalhe as abordagens táticas empregadas no Fortaleza nos últimos anos, buscando pistas valiosas.

A Estrutura de Jogo Preferencial de Vojvoda

Ao longo de sua gestão no Fortaleza, Vojvoda demonstrou grande versatilidade na utilização de diferentes esquemas táticos. Contudo, um deles se destacou como sua preferência: o 3-5-2. Foi com essa formação que o "Laion" construiu sua campanha memorável em 2021, consolidou sua identidade em 2022 e vivenciou um renascimento em 2024, sempre com adaptações no número de atacantes. A flexibilidade do sistema permitia variações estratégicas conforme o adversário e o momento do jogo.

Paralelamente, o 4-2-3-1 também foi empregado em diversas ocasiões, particularmente após a chegada do centroavante Lucero. Nesse arranjo, a equipe alcançou a decisão da Copa Sul-Americana de 2023, com uma linha ofensiva composta por atletas como Marinho, Pochettino e Guilherme, este último, curiosamente, hoje parte do plantel santista. A capacidade de alternar entre essas estruturas evidencia a adaptabilidade do técnico.

A Engenharia da Construção de Jogo e a Verticalidade Ofensiva

Um dos fundamentos inegociáveis do êxito de Vojvoda no clube cearense residia na meticulosa atenção dedicada ao momento da construção da jogada desde a defesa. O treinador privilegia a organização da equipe com uma linha de três defensores e a presença de um volante posicionado para facilitar a troca de passes, atraindo a marcação adversária e, assim, abrindo brechas para a aceleração ofensiva. Essa função de "dono da bola", o articulador primordial, foi desempenhada por Felipe em 2021, por Caio Alexandre em 2023 ? que se destacou como um dos principais volantes do país ? e, mais recentemente, por Rossetto em 2024, evidenciando a importância estratégica desse papel.

Duas configurações principais eram observadas na saída de bola. Uma delas consistia na "saída sustentada em 2+3", com dois zagueiros mantendo suas posições, laterais se posicionando mais centralizados e um volante assumindo o controle da posse no centro do campo. A outra variação, conhecida como "saída de três", envolvia Tinga, Benevenuto e Titi fixos na linha defensiva, enquanto Felipe e Éderson recuavam para oferecer opções de passe e iniciar a progressão. No atual cenário santista, Willian Arão emerge como um potencial candidato para essa peça-chave. Suas características de primeiro volante o credenciam a ser o responsável por coordenar a saída de bola, conferir equilíbrio ao meio-campo e dar início às transições, representando uma oportunidade singular para o atleta que busca maior regularidade.

Se a fase de construção da jogada se pauta pela paciência e precisão, a abordagem ofensiva de Vojvoda adota uma filosofia diametralmente oposta: é marcadamente vertical, célere e direta. No Fortaleza, jogadores como Moisés, Romero, Kayser e Marinho brilharam precisamente por sua capacidade de atuar próximos à linha defensiva adversária, sempre prontos para arrancar em profundidade. No Santos , Guilherme desponta como o nome ideal para essa função, encaixando-se perfeitamente no perfil de atleta que explora a velocidade e os espaços em profundidade.

O Desafio Neymar e a Defesa Agressiva

A grande incógnita tática reside na integração de Neymar ao sistema. Distanciando-se do arquétipo de atacante de profundidade ou corredor pelas pontas, Neymar retorna ao Alvinegro Praiano com uma faceta mais cerebral, um "camisa 10" clássico que busca atuar entre as linhas adversárias para organizar, ditar o ritmo e ser decisivo. A missão de Vojvoda será, portanto, edificar uma estrutura que outorgue ao craque a liberdade criativa de que necessita, ao mesmo tempo em que os pontas e o centroavante garantem a essencial profundidade ofensiva, criando um equilíbrio delicado e fundamental.

No momento defensivo, as equipes comandadas por Vojvoda são notórias pela intensidade e pela agressividade na recuperação da posse. O Fortaleza se organizava defensivamente em um 4-4-2 ou 5-4-1, sempre com uma marcação ajustada e setorizada na área da bola. O centroavante exercia a função de fechar as linhas de passe, o ponta pressionava o lateral adversário, e os meias se encarregavam de anular os volantes rivais. Essa pressão orquestrada frequentemente induzia o oponente a cometer erros e a rifar a bola, propiciando ao Fortaleza a chance de recuperá-la e iniciar transições rápidas com poucos toques.

Em confrontos de maior complexidade, o time também demonstrava a capacidade de recuar para um bloco médio, sem, contudo, abdicar de sua agressividade nos encaixes individuais. A premissa era invariavelmente a mesma: recuperar a bola e contra-atacar com velocidade. Este é um modelo que pode ser transposto para o Santos , embora exija ajustes precisos para harmonizar a intensidade defensiva com a gestão do condicionamento físico de Neymar , um fator crucial na equação.

A chegada de Juan Pablo Vojvoda ao Santos representa um investimento estratégico em um projeto que visa restabelecer a identidade de uma equipe carente de direção nos últimos anos. A ambição transcende a mera evitação do rebaixamento; trata-se de dotar o clube de um plano esportivo consistente, algo que, para muitos, não se via desde a passagem de Jorge Sampaoli em 2019.

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