Vojvoda e o Santos: A Batalha por Escolhas na Reta Final do Brasileirão

O comando técnico do Santos, sob a batuta de Juan Pablo Vojvoda, defronta-se com uma complexa disjuntiva na fase derradeira da Série A do Campeonato Brasileiro. Embora o triunfo por 1 a 0 sobre o Palmeiras, ocorrido no último sábado (15), tenha conferido um alívio momentâneo, persistem as inquisições acerca da limitada utilização de promessas que gozam de grande apreço entre a torcida, como o meio-campista Gabriel Bontempo e o atacante Robinho Jr.

Após as performances notáveis da dupla na derrota por 3 a 2 para o Flamengo, no Maracanã, a expectativa era de que, ao menos um deles, figurasse entre os titulares no clássico subsequente. Contudo, Vojvoda optou por uma escalação mais robusta, privilegiando atletas com maior bagagem. Em coletiva de imprensa, o treinador elucidou que sua preferência se deu pela busca de maior equilíbrio tático, com especial atenção ao setor defensivo, mesmo ciente da tradição do clube em promover seus talentos da base.

A Filosofia do Equilíbrio e a Tradição Santista

A cultura do Santos , intrinsecamente ligada à projeção de jovens valores, é um fator que Vojvoda reconhece e valoriza, mas que, paradoxalmente, molda o ambiente de suas decisões. O próprio técnico articulou essa ponderação:

?Compreendo a cultura do Santos . Celebro isso também. É bom que eles apoiem os Meninos da Vila, cada clube tem sua cultura, entendo. Preferi começar por um time forte defensivamente, mas que ajude ofensivamente. Barreal cumpriu essa função. Sabia que os meninos, ainda mais com Neymar, inflamam, põe fogo a esse campo. Foi uma decisão que pensei durante a semana, não foi fácil para mim, mas tenho que pensar com equilíbrio?

Esta declaração revela a tensão entre a pressão externa e a necessidade interna de coesão e segurança. A escolha por Barreal, por exemplo, ilustra a busca por um jogador que pudesse contribuir em ambas as fases do jogo, em detrimento de uma aposta mais arriscada na juventude desde o apito inicial. A menção a Neymar , mesmo que hipotética, sublinha o impacto emocional que a entrada de um jovem talento pode gerar na Vila Belmiro.

Foto: (Raul Baretta/ Santos FC)

O Impacto da Base e a Estratégia dos Substitutos

No embate contra o Palmeiras, Robinho Jr. teve cerca de 35 minutos em campo, período em que participou ativamente, inclusive com uma assistência de cabeça para o gol decisivo de Benjamín Rollheiser nos acréscimos. Gabriel Bontempo , por sua vez, permaneceu no banco de reservas, aguardando uma oportunidade que não veio. A decisão de Vojvoda, além de focar na solidez defensiva, considerou a importância de conferir maior fôlego à equipe na etapa final. O treinador, intencionalmente, manteve no banco atletas capazes de sustentar a intensidade do time em momentos de desgaste dos titulares.

Vojvoda reforçou a relevância dessas escolhas estratégicas:

?Pensei que a gente precisaria fazer um jogo longo, não só por 45 minutos. Queríamos jogar os 90 minutos. E essas mudanças no banco são importantes para o treinador. Quem entrou nos deu 1x1, determinação perto do gol? Cada jogador oferece uma coisa?

Essa perspectiva demonstra um planejamento que transcende os onze iniciais, enxergando o jogo como uma partida de xadrez onde os movimentos no banco são tão cruciais quanto os do tabuleiro principal.

O Futuro Próximo e a Pressão da Torcida

A comissão técnica não descarta a possibilidade de ajustar a estratégia para os confrontos que restam no Brasileirão, ponderando as características de cada adversário. Contudo, é inegável que a base de torcedores continuará clamando por mais chances aos jovens talentos formados no clube. A paixão pelos "Meninos da Vila" é uma força motriz que Vojvoda não pode ignorar por completo.

Com ou sem a presença dos jovens entre os titulares, o Santos enfrentará o Mirassol na próxima quarta-feira (19), às 21h30 (horário de Brasília), novamente em seus domínios, a Vila Belmiro. O Peixe ocupa atualmente a 16ª colocação no Campeonato Brasileiro, com 36 pontos, apenas um acima da zona de rebaixamento. Cada decisão, cada substituição, cada minuto em campo, será escrutinado com a lupa de quem joga pela permanência na elite do futebol nacional.