Vojvoda Chega ao Santos: Defesa, Elenco e o Enigma Neymar sob o Novo Comando

A chegada de Juan Pablo Vojvoda ao comando técnico do Santos, anunciada na última sexta-feira, marca o início de uma jornada repleta de obstáculos. O treinador argentino, que inicia seus trabalhos nesta terça-feira, tem como meta imediata a preparação para o confronto contra o Fluminense, agendado para o próximo domingo, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro. Contudo, as missões que se apresentam são de natureza complexa e exigirão uma intervenção cirúrgica desde os primeiros momentos.

Entre as prioridades que Vojvoda precisará endereçar, destacam-se a busca por uma estabilidade defensiva, a revitalização da moral dos atletas e a definição de um papel tático claro para Neymar no esquema da equipe. Cada um desses pontos representa um pilar fundamental para a tentativa de reerguer o desempenho do Peixe na temporada.

A Recomposição Psicológica do Elenco Santista

A pressão sobre o elenco santista é palpável, e um dos primeiros desafios do novo comandante será restabelecer a confiança geral. A recente goleada sofrida para o Vasco representou um duro golpe, especialmente por ocorrer logo após uma importante vitória fora de casa contra o Cruzeiro, evidenciando uma montanha-russa emocional que afeta diretamente o rendimento em campo.

Um exemplo notório dessa fragilidade emocional foi a reação do meia-atacante Neymar , uma das referências da equipe, que se viu em prantos ao término da partida contra o time carioca. Essa postura, inclusive, não passou despercebida pela torcida organizada, que expressou sua insatisfação em um protesto no CT Rei Pelé. Uma das lideranças da torcida vocalizou a insatisfação, afirmando:

?Você é a estrela deste time. Você é um dos maiores jogadores do planeta. Se você chorar, imagina o resto desses caras. Se você chorar, imagina o resto desses caras, mano. Se você discutir com um torcedor, vai dar margem para qualquer um aqui discutir com torcedor.?

Outro caso que ilustra o abalo psicológico é o do atacante Guilherme. Artilheiro da equipe na temporada, ele tem sido alvo constante de críticas e, visivelmente afetado pela pressão, não foi relacionado para o jogo contra o Bahia. Diante desse cenário, Vojvoda trouxe para sua comissão técnica o psicólogo Christian Rodrigues, profissional com experiência no esporte, tendo atuado em clubes como Huracán e Newells Old Boys, na Argentina, e na seleção do México. A expectativa é que essa nova abordagem possa beneficiar também atletas que perderam espaço com a antiga comissão, como o lateral-direito JP Chermont e o meia-atacante Thaciano, oferecendo-lhes uma nova chance sob o olhar do treinador.

O Enigma Tático de Neymar sob a Nova Gestão

A definição do papel tático de Neymar em campo será uma das tarefas cruciais de Juan Pablo Vojvoda. Sob a gestão de Pedro Caixinha, o craque era visto predominantemente como um meia armador. Já Cleber Xavier experimentou o camisa 10 tanto nessa função quanto na de um falso 9, buscando diferentes formas de extrair seu potencial. A adaptabilidade tática é uma marca do perfil de Vojvoda, que costuma variar esquemas, podendo empregar o 4-3-3, que tem sido o padrão do Peixe na temporada, além do 4-2-3-1 ou até mesmo o 3-5-2.

A comissão técnica terá o desafio de identificar a função que permitirá a Neymar render em sua plenitude dentro da nova filosofia de jogo. Além disso, será essencial buscar o encaixe com outras peças do elenco que, apesar de terem demonstrado qualidade em certos momentos da temporada, têm exibido oscilações nas últimas rodadas, como o meia Benjamín Rollheiser e o atacante Álvaro Barreal. A sinergia entre esses talentos será fundamental para a construção de um time mais coeso e eficaz.

A Urgência de Estabilizar a Linha Defensiva

A situação mais premente e que exige uma solução imediata é, sem dúvida, a fragilidade defensiva do Santos . Após um período de aparente melhora no setor com a chegada de Cleber Xavier, o desempenho da retaguarda oscilou e, desde o retorno do Brasileirão após a pausa da Copa do Mundo de Clubes da FIFA, tornou-se uma fonte constante de preocupação. Os números recentes ilustram a gravidade do quadro:

As goleadas sofridas contra Mirassol e Vasco, esta última culminando na demissão de Xavier, são exemplos claros da vulnerabilidade do sistema defensivo. O Peixe tem enfrentado problemas na zaga, com a dupla João Basso e Luan Peres, que havia se firmado, desfeita pela lesão de Basso no músculo adutor da coxa esquerda. Entre os substitutos, tanto Gil quanto Luisão não conseguiram entregar a solidez esperada, enfrentando dificuldades para corresponder à altura. Há, contudo, uma nova perspectiva com o zagueiro Zé Ivaldo, que, após um mês treinando separadamente, foi reintegrado e será avaliado por Vojvoda. A possibilidade de sua permanência no elenco , mesmo após ter perdido a camisa 2 para o lateral-direito Mayke, sugere que o técnico buscará todas as opções disponíveis para reforçar o setor.