Santos: Milhões em Desligamentos, CT Invadido e o Futuro Incerto no Peixe

A recente jornada do Santos Futebol Clube tem sido marcada por uma sucessão de acontecimentos que expõem a fragilidade de sua estrutura, tanto dentro quanto fora dos gramados. O desligamento do técnico Cléber Xavier, precipitado por uma goleada vexatória contra o Vasco, acendeu um pavio de descontentamento que culminou em manifestações acaloradas da torcida no Centro de Treinamento Rei Pelé. Enquanto o clube se esforça para reordenar suas forças sob a direção provisória de Matheus Bachi, os bastidores fervilham com o ambiente de incerteza. Este panorama detalha os principais eventos que moldaram o cenário atual do Alvinegro Praiano, suas deliberações administrativas e a atmosfera de tensão que envolve a equipe.

O Custo Milionário da Rotatividade Técnica no Peixe

A goleada de 6 a 0 imposta pelo Vasco, em partida disputada no Morumbis, não apenas precipitou o desligamento de Cléber Xavier da direção técnica do Santos , mas também impôs um fardo financeiro considerável à agremiação. O profissional, que comandou a equipe em meros 15 confrontos, representa um débito de pouco mais de R$ 1 milhão para o caixa do Peixe, montante equivalente a três vencimentos mensais de R$ 350 mil, conforme estipulado em seu vínculo contratual.

Adicionalmente, o valor a ser desembolsado pode ser acrescido caso os membros de sua comissão técnica também sejam dispensados. A cúpula diretiva, contudo, manifesta a intenção de preservar Matheus Bachi e Fábio Mahseredjian, ao menos por enquanto. Esta instabilidade é apenas mais um episódio em uma longa série de modificações no comando técnico que têm gerado prejuízos expressivos, como os R$ 12,7 milhões reclamados por Pedro Caixinha, cujo processo de rescisão foi levado à FIFA.

Esta instabilidade administrativa não é uma novidade na Vila Belmiro. Desde 2022, o Santos já suportou altos custos decorrentes de desligamentos de treinadores como Fabián Bustos, Fábio Carille, Diego Aguirre, entre outros. Em muitas dessas ocasiões, os valores superaram a casa dos milhões, contribuindo para um passivo que compromete o equilíbrio orçamentário do clube. A seguir, um resumo dos custos associados a algumas dessas recentes dispensas:

A oficialização do desligamento de Cléber Xavier foi comunicada pelo próprio clube em nota concisa:

O Santos Futebol Clube comunica a saída do técnico Cléber Xavier. O clube agradece os serviços prestados pelo treinador e deseja sorte na sequência da carreira.

A Explosão da Insatisfação: Invasão e Cobranças no CT Rei Pelé

O revés acachapante contra o Vasco reverberou instantaneamente para além das quatro linhas. Em 19 de agosto, membros de torcidas organizadas realizaram uma incursão ao Centro de Treinamento Rei Pelé, no momento da reapresentação do elenco. O incidente foi marcado por um clima de tensão, atitudes violentas e ameaças diretas aos atletas e dirigentes, mesmo com o reforço na segurança implementado pela diretoria santista.

Portões foram rompidos com o uso de fogos de artifício, permitindo que os manifestantes acessassem o estacionamento onde os veículos dos jogadores estavam. Os protestos foram acompanhados de brados como "Vergonha, time sem vergonha" e "Respeita o Santos , o maior time do mundo", direcionados principalmente ao plantel e à cúpula diretiva, incluindo críticas ao presidente Marcelo Teixeira.

Neymar, que se encontrava no local, tentou estabelecer um diálogo com os torcedores, mas também foi alvo de duras cobranças. O gerente de futebol Alexandre Mattos igualmente se posicionou na linha de frente da conversação. A Polícia Militar foi acionada, porém, os torcedores já haviam se dispersado ao término da manifestação.

Vocês estão de brincadeira com a nossa cara. O que está acontecendo hoje aqui é pouco. Posso falar para vocês? Vocês tinham que tomar tapa na cara de mão aberta. Essa é a realidade.

Matheus Bachi: A Escolha Interina para Tentar a Recomposição

Frente a este quadro de instabilidade, a diretoria santista agiu com celeridade para designar um substituto temporário para a função de treinador. Matheus Bachi, herdeiro do conceituado técnico Tite e anteriormente auxiliar de Cléber Xavier, foi a escolha para assumir o posto de interino. Ele já conduziria o treinamento na tarde do dia 19 de agosto, com foco total na preparação para o confronto diante do Bahia.

Apesar da juventude, Bachi carrega consigo a experiência acumulada ao lado de seu pai e o conhecimento adquirido como auxiliar técnico, fatores que foram considerados decisivos pela diretoria. A intenção é preservar uma certa continuidade e evitar uma ruptura abrupta enquanto o clube prossegue na busca por um nome definitivo para preencher a vaga.

O embate contra o Bahia é percebido como um teste crucial. A equipe necessita somar pontos para não agravar a deterioração técnica e institucional que já se instalou. Matheus Bachi, ainda que de forma provisória, carrega a responsabilidade de reorganizar o grupo e impedir que a instabilidade contamine o ambiente do vestiário.

Mesmo sem uma definição sobre sua permanência a longo prazo, a liderança de Bachi é vista como uma medida emergencial para mitigar os danos e oferecer um mínimo de solidez enquanto o Santos tenta virar a página após mais um período conturbado em sua trajetória recente.