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Santos e Clubes Debatem Fair Play Financeiro na CBF: O Futuro do Futebol Brasileiro

Por Redação FutSantos em 14/08/2025 19:44

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deu um passo formal e significativo rumo à reestruturação financeira do esporte nacional. Em um encontro realizado na segunda-feira, 11 de agosto, no Rio de Janeiro, a entidade iniciou os trabalhos para a formulação de um regulamento nacional de fair play financeiro, um tema de extrema relevância para a sustentabilidade dos clubes brasileiros.

A reunião, que congregou representantes de 34 agremiações das Séries A e B, além de 10 federações estaduais, marcou a inauguração do Grupo de Trabalho (GT) encarregado de conceber o modelo de controle financeiro. Este projeto ambicioso será submetido à apreciação no CBF Summit, evento programado para o dia 26 de novembro, delineando um novo panorama para a gestão desportiva no país.

A proposta central da CBF é instituir um Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), com o propósito explícito de transformar o ambiente de gestão do futebol. O objetivo é claro: erradicar práticas prejudiciais, como o denominado "doping financeiro", e mitigar o expressivo endividamento dos clubes, visando a edificação de um ecossistema mais equilibrado e transparente. A entidade estabeleceu um cronograma audacioso, prevendo a apresentação do projeto em 90 dias, com sua implementação gradual a partir de 2026.

CBF e a Busca por Sustentabilidade Financeira

O presidente da CBF, Samir Xaud, sublinhou a criticidade do momento, alinhando a iniciativa a compromissos de sua gestão. Em suas palavras, o dirigente expressou a visão da confederação:

É um dos objetivos que colocamos no nosso compromisso de campanha. Queremos criar um sistema sustentável no Brasil, evitar o doping financeiro, reduzir dívidas. Hoje é o pontapé para transformarmos o futebol brasileiro.

Sob a liderança de Ricardo Gluck Paul, o Grupo de Trabalho contará com a participação ativa de dirigentes e especialistas do setor. Gluck Paul ressaltou o caráter inédito da colaboração e do diálogo que o GT representa, enfatizando que:

A CBF se apresenta com um compromisso com o diálogo amplo e inédito no sentido de colocar federações e clubes, e os outros entes da discussão numa mesma mesa de trabalho.

Santos e Clubes Debatem Fair Play Financeiro na CBF: O Futuro do Futebol Brasileiro
Foto: (Marcos Ribolli)

Clubes Propõem e Debatem Novas Regras

No cerne das discussões práticas, uma sugestão do CEO do Fortaleza, Marcelo Paz, gerou considerável repercussão. Sua defesa pela proibição de contratações para clubes inadimplentes no mercado nacional aponta para uma lacuna regulatória que, em sua visão, precisa ser corrigida de forma célere:

O clube que contrata e não paga precisa ser impedido de contratar, com medidas imediatas, como já ocorre na FIFA. No Brasil, a CNRD demora demais e muitas dívidas antigas são parceladas sem juros.

O debate contou com a participação efetiva de importantes clubes, incluindo Santos, Internacional e Juventude, que trouxeram suas perspectivas sobre o tema. Marcelo Teixeira, presidente do Santos , fez uma advertência crucial sobre a necessidade de equidade nos critérios a serem estabelecidos:

Não podemos criar critérios injustos. Precisamos de todos fortes dentro de cada realidade.

Por sua vez, Giovane Zanardo, CEO do Internacional, defendeu a urgência de avanços legislativos e a padronização contábil como pilares para a transição:

Defendemos que o processo seja acompanhado por avanços na legislação, pela padronização das demonstrações financeiras e por um período de transição adequado.

O presidente do Juventude, Fábio Pizzamiglio, por sua vez, destacou que as práticas de gestão financeira rigorosa, alinhadas aos princípios do fair play, já são uma rotina consolidada em seu clube:

Mantemos uma gestão rigorosa, pagando em dia funcionários, atletas, fornecedores e terceiros. São medidas fundamentais que já adotamos no Juventude há anos.

O Desafio da Adaptação e a Perspectiva Europeia

Durante o evento, Sefton Perry, representante da UEFA, ofereceu uma visão valiosa sobre a experiência europeia com o fair play financeiro. Ele enfatizou a importância de que o modelo brasileiro seja adaptado à realidade local, alertando para equívocos cometidos em implementações anteriores no continente europeu. Perry ressaltou que a persistência e uma estrutura bem definida são fundamentais para o sucesso e a longevidade do projeto no Brasil.

A iniciativa da CBF, portanto, representa um marco. Contudo, o caminho até a efetivação de um sistema de sustentabilidade financeira robusto e equitativo exigirá não apenas o consenso entre os diversos atores do futebol brasileiro, mas também a capacidade de aprender com as experiências internacionais, adaptando-as à singularidade de nosso cenário esportivo. A promessa é de um futebol mais transparente e com menor endividamento, mas os desafios na implementação serão, sem dúvida, consideráveis.

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