Santos: Detalhes da Decisão de Manter Brazão em Campo e Protocolo Pós-Choque

O Santos Futebol Clube divulgou, na noite da última segunda-feira, um comunicado oficial para esclarecer os motivos que levaram à decisão de manter o goleiro Gabriel Brazão em campo após um forte impacto com o meio-campista Igor Gomes, do Atlético-MG. O incidente ocorreu durante a 23ª rodada do Campeonato Brasileiro, gerando discussões sobre a segurança dos atletas.

O lance se deu aos três minutos da etapa complementar, quando, após um cruzamento rasteiro de Hulk na área adversária, o camisa 77 do Peixe deixou a meta e sofreu um choque na cabeça. Apesar de um visível inchaço na testa, o goleiro permaneceu na partida, o que levantou questionamentos sobre os procedimentos médicos adotados.

Decisão Controvertida: A Permanência de Brazão em Campo Pós-Choque

A equipe médica do Santos , representada pelo Dr. Maurício Zenaide, detalhou a avaliação inicial que culminou na continuidade de Brazão no jogo. Segundo o profissional, os critérios para a retirada imediata do atleta não foram preenchidos naquele momento.

O goleiro respondeu todas as perguntas corretas, não desmaiou, não tinha visão dupla e não tinha ânsia ou vômito. A única alteração objetiva era o hematoma subgaleal na região frontal à esquerda, o popular ?galo?, que por si só não determina a necessidade de retirar o atleta do gramado. Não pela vontade do jogador, mas sim por ausência de critérios maiores de concussão, foi optada pela permanência em campo.

Essa análise inicial, baseada na ausência de sintomas mais graves de concussão, justificou a decisão de permitir que Brazão continuasse a atuar, mesmo com o hematoma visível. A situação, contudo, é um lembrete da complexidade das avaliações em campo, onde a pressão do jogo e a vontade do atleta muitas vezes se somam aos desafios diagnósticos.

A Saída Compulsória: Sintomas Persistentes e a Reação Médica

Apesar da liberação inicial, Gabriel Brazão permaneceu em campo por apenas mais 16 minutos. Aos 19 minutos do segundo tempo, o goleiro caiu novamente e solicitou a substituição, indicando que não se sentia apto a prosseguir. O Dr. Zenaide explicou que o atleta foi monitorado de perto após o primeiro atendimento e a decisão de sair foi uma reação aos novos sintomas apresentados.

O jogador, pouco tempo depois, alertou o médico que não estava sentindo-se seguro para continuar. Ele não perdeu a consciência em momento algum e apenas relatava leve tontura, então parou o jogo e deitou no gramado para ser retirado, como foi orientado pelo Departamento Médico, e seguindo todos protocolos estabelecidos pela Fifa e CBF.

Após deixar o gramado em uma ambulância, Brazão foi encaminhado ao hospital Materdei BH, um dos mais próximos da Arena MRV, para exames preventivos. Posteriormente, o goleiro tranquilizou os torcedores com uma publicação em suas redes sociais. O Santos , por sua vez, confirmou que os exames não apontaram alterações significativas, e o atleta recebeu alta, retornando a São Paulo com a delegação.

Protocolo de Concussão: Os Desafios de Brazão para o Próximo Confronto

Apesar da alta hospitalar, a participação de Gabriel Brazão no clássico contra o São Paulo, agendado para 21 de setembro na Vila Belmiro, pela 24ª rodada do Brasileirão, é incerta. Com a recente autorização da CBF para o início do protocolo de concussão cerebral em jogos, uma série de requisitos rigorosos precisa ser cumprida.

O protocolo exige um período de recuperação de cinco dias, durante o qual o atleta deve permanecer afastado dos treinamentos para assegurar a completa recuperação da área lesionada. Além disso, o clube deve apresentar exames detalhados que comprovem a ausência total de sintomas, e o médico responsável precisa preencher um questionário sobre o tratamento administrado. Dessa forma, Brazão somente estaria liberado para treinar com o grupo no campo em 20 de setembro, véspera da partida, o que o torna uma dúvida considerável para o confronto. Diógenes, que o substituiu e realizou boas defesas, surge como a alternativa imediata para a posição.

O Debate: A Necessidade de Auxílio Tecnológico na Avaliação Médica

A nota emitida pelo Santos também trouxe à tona uma reflexão importante do coordenador do Núcleo de Saúde do clube, Rodrigo Zogaib. Ele expressou a expectativa de que o episódio envolvendo Brazão sirva como catalisador para a implementação de mecanismos de imagem auxiliares em contusões de maior gravidade no futebol brasileiro. Contudo, o Santos não detalhou quais seriam esses mecanismos.

Da mesma forma que o árbitro e mais três auxiliares muitas vezes não conseguem interpretar adequadamente um lance, é ainda maior a dificuldade de um profissional médico. Tal mecanismo de auxílio de vídeo poderia se tornar uma ferramenta para um atendimento médico no campo ainda mais eficiente.

A sugestão de Zogaib aponta para um avanço necessário na segurança dos atletas, equiparando a avaliação médica em campo à precisão que a tecnologia de vídeo oferece hoje à arbitragem. Este incidente reforça a urgência de um debate mais aprofundado sobre a integração de ferramentas tecnológicas que possam aprimorar o diagnóstico e a tomada de decisões em situações críticas, protegendo a integridade física dos jogadores.