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Rollo e a Polêmica do Sub-20: Santos, Juventude e as Regras Veladas do Futebol

Por Redação FutSantos em 03/12/2025 09:47

O ex-presidente do Santos, Orlando Rollo, quebrou o silêncio sobre a controvérsia gerada por sua recente publicação nas redes sociais. A postagem, que sugeria uma "ajuda" do Juventude, adversário do Peixe, para prejudicar o Internacional ? rival gaúcho e concorrente direto na luta contra o rebaixamento ?, foi defendida por Rollo como uma manifestação do "folclore do futebol", sem intenção de ser interpretada literalmente.

Em declaração ao UOL, Rollo enfatizou que sua manifestação se insere em um contexto cultural do esporte, onde a paixão e a rivalidade transcenderiam a seriedade literal. Ele argumenta que interpretar tais comentários de forma estrita seria um sinal de desconexão com a essência lúdica do esporte.

Minha postagem tem a ver com uma questão cultural. O folclore, o futebol, é uma questão de essência e folclore. Quem levar a sério o que postei está de mal com a vida. Futebol é emoção, alegria e entretenimento. Quem levar isso a sério está brigado com a própria vida. Levar esse tipo de postagem a sério, você desenvolveu algum tipo de patologia mental e está doente mentalmente.

O ex-dirigente teceu críticas ao que considera uma "chatice" crescente no universo do futebol, lamentando a erosão da rivalidade outrora "sadia" em prol de um "politicamente correto" que, em sua visão, sufoca a essência do jogo. Ele chegou a mencionar comediantes como Caio Cappi e Dan Lessa, cujos vídeos humorísticos sobre clubes brasileiros representam, para ele, um dos poucos resquícios da diversão e sátira que o esporte perdeu.

O futebol tá ficando muito chato. Hoje a gente perdeu aquela questão de rivalidade sadia, clubística. Hoje, minha maior diversão no futebol é acompanhar os vídeos do Caio Cappi e do Dan Lessa, que são comediantes que fazem sátiras entre os clubes de futebol. Hoje, o futebol perdeu essa essência, esse folclore. O politicamente correto tomou conta. Você não pode mais falar que tem rivalidade entre os clubes, os colegas de trabalho, de escola.

A Essência do Futebol e os Limites da Ironia

Apesar de refutar qualquer incentivo à manipulação de resultados, Rollo expressou apoio à ideia de o Juventude escalar seus atletas mais jovens contra o Santos , especialmente por já estar matematicamente rebaixado. Essa perspectiva o remeteu ao cenário de 2014, quando o Santos , ao vencer o Vitória na última rodada, indiretamente impediu o rebaixamento do Palmeiras, uma decisão que, segundo ele, não foi bem vista por grande parte da torcida santista na época.

A sugestão de Rollo é clara, e ele não poupa palavras ao traçar um paralelo com o passado, onde a "ajuda" ao rival foi vista como um erro histórico para o Peixe:

Se possível, escalem o sub-20. Se eles (Juventude) já estão rebaixados, que levem o Inter com eles. Vai aumentar a disparidade do Juventude com a dupla Gre-Nal. Se o regulamento permitir, você coloca o sub-11, sub-13, sub-15. Nenhum santista gostou que o Santos ganhasse do Vitória (em 2014). A única pessoa com a camisa do Santos a comemorar aquele gol foi o Thiago Ribeiro. Aquilo virou um espiral que gerou um efeito borboleta em cima do Santos e do Palmeiras, que arruinou a vida do Santos e o Palmeiras virou um case de sucesso.

Para o ex-presidente, a magnitude de clubes como o Internacional é inquestionável, e sua capacidade de recuperação, mesmo após um ano difícil, é notável. Ele argumenta que os principais clubes brasileiros, independentemente de uma temporada de baixa, possuem a estrutura e o histórico para disputar títulos novamente no ano seguinte, citando o próprio Santos como exemplo de um gigante que pode ressurgir.

O Internacional é um clube gigante. Se o Inter se mantiver na Série A, é bem capaz de o ano que vem brigar por títulos novamente. Os 12 principais clubes do Brasil podem estar mal em um ano e, como são gigantes, podem disputar título no ano seguinte. Tá bom, o Juventude vai deixar o Inter na Série A? Legal, ano que vem (o Inter) vai disputar título. É um clube gigante e todo gigante está passível em um ano cair e no outro disputar títulos. O Santos, por exemplo, está nessa dificuldade toda, caindo pelas tabelas, e no ano que vem pode disputar títulos. Pode ir para a Sul-Americana e ganhar ano que vem com o Neymar.

Incentivos Financeiros: Da Polêmica à Gestão Interna

Abordando a delicada questão das bonificações financeiras, Rollo expressou uma mudança em sua percepção sobre a "mala branca" (incentivo para vencer). Enquanto no passado não via problemas, a ascensão das apostas esportivas alterou sua visão, temendo manipulações veladas. Contudo, a "mala preta" (incentivo para perder) sempre foi categoricamente condenada por ele, classificando-a como corrupção e prejudicial ao esporte.

Antes das bets eu não via problema em mala branca, mas a partir do momento que surgiram as bets eu passei a ver problema, porque pessoas podem lucrar com isso de forma maquiada. Em 2014 (quando o Santos venceu o Vitória e não rebaixou o Palmeiras), eu não via problema em mala branca. Sempre vi problema em mala preta (quando o clube recebe incentivo financeiro para perder a partida). É corrupção e nocivo ao futebol.

Em vez de depender de fatores externos ou incentivos questionáveis, Rollo sugeriu que o atual presidente santista, Marcelo Teixeira, intensifique a premiação para o elenco nas rodadas finais. Ele fez um paralelo com sua própria gestão, lembrando que, durante sua presidência, prometeu aos jogadores o valor integral da premiação da Libertadores de 2020 caso conquistassem o título. Segundo Rollo, esse acordo crucial foi, tragicamente, desfeito por seu sucessor, Andres Rueda, poucas horas antes da final contra o Palmeiras, um evento que, em sua análise, desmotivou a equipe.

A gente chegou na final da Libertadores em 2020 porque eu dava grandes premiações aos jogadores. Prometia e pagava. Inclusive, a minha promessa, que tinha feito para eles no final de 2020, é que ficariam com o valor total da premiação da Libertadores (caso fossem campeões). E faltando menos de 12 horas da final o (ex-presidente) Rueda rompeu com eles e disse que ficariam só com R$ 2,5 milhões. A final começou a ser perdida aí. Os jogadores não entraram para perder, mas isso causou uma desmotivação natural.

O Cenário Atual e o Destino do Peixe

O confronto entre Juventude e Santos , marcado para esta quarta-feira, às 19h30 (de Brasília), no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, carrega um peso significativo. O time da casa já confirmou seu rebaixamento na rodada anterior, após um empate com o Bahia e as vitórias de Santos e Vitória. Por outro lado, o Peixe, ao vencer seu último compromisso, conseguiu escapar da zona de rebaixamento e agora detém o próprio destino em suas mãos para permanecer na elite do futebol brasileiro.

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