Neymar no Santos: A polêmica substituição e a visão crítica de Musetti

A recente derrota do Santos para o Flamengo no Maracanã foi palco de um episódio que reverberou intensamente: a substituição de Neymar e sua visível insatisfação. Apesar da repercussão pública, o craque mantém o apoio interno do clube, uma informação revelada por Lucas Musetti no programa "De Primeira", do Canal UOL.

Musetti, após dialogar com figuras chave da diretoria santista, identificou um consenso em favor de Neymar . Contudo, o jornalista faz uma ressalva crucial: o comportamento do jogador contrastou de maneira notável com a performance da equipe nos minutos subsequentes à sua saída de campo.

A Visão Interna do Santos: Frustração como Sinal Positivo

A percepção interna do Santos sobre a manifestação de Neymar foi detalhada por Musetti. Ele relata a expectativa de encontrar discursos favoráveis ao atacante, uma constante em suas apurações. Essa expectativa se confirmou, ecoando as declarações pós-jogo.

"Sobre o Santos, conversei com mais de uma fonte hoje. Ontem o Santos já tinha se mostrado a favor do Neymar nas entrevistas que rolaram no Maracanã. Primeiro foi Vojvoda dizendo que não viu falta de respeito na saída do Neymar. Alexandre Mattos, o diretor, dizendo que o Neymar dá vida pelo Santos. E o Guilherme, companheiro, dizendo que é para evitar polêmicas, que está todo mundo junto, que o Neymar está chateado. Eu já imaginava quando fui apurar hoje que eu ouviria discursos favoráveis ao Neymar, como eu sempre ouço, e foi o que aconteceu."

Ainda mais revelador foi o posicionamento de dirigentes em conversas privadas. Para eles, a preocupação real seria se Neymar tivesse deixado o campo sem qualquer demonstração de aborrecimento. A irritação do atleta é interpretada como um sinal de seu comprometimento e da necessidade que o Santos tem de sua paixão. A explicação para sua ida ao vestiário, segundo o clube, seria a intenção de preservar a comissão técnica, evitando um estresse maior após ter "perdido a cabeça" e chutado um copinho. Musetti, no entanto, expressa ceticismo diante dessa justificativa.

"O que eu ouvi de dirigentes em off foi que se o Neymar tivesse saído sem estar chateado, era isso que deveria preocupar. Que esse é o Neymar, que o Neymar tem se incomodado, que o Santos precisa dele. Aí eu pergunto: mas o Neymar foi para o vestiário. Ele falou: mas o Neymar fez isso para preservar a comissão técnica, porque ele tinha perdido a cabeça, tinha chutado um copinho. Se ele estivesse ali, ele poderia se estressar mais, acabar prejudicando. Então, como ele se sentiu nervoso, ele foi para o vestiário. Isso não me convence, mas é a repercussão do Santos."

O Contraste em Campo: O Santos sem Neymar

A análise do jornalista não se limita aos bastidores. Ele sublinha que a atitude de Neymar durante a partida contra o Flamengo teve um impacto direto na performance do Santos . Para Musetti, a notável melhora da equipe após a saída do camisa 10 não foi um mero acaso. O Peixe, que perdia por 3 a 0 no momento da substituição e da reclamação de Neymar , conseguiu buscar dois gols nos minutos finais do confronto.

O desempenho técnico de Neymar , embora questionável, foi superado em gravidade por sua postura, na visão de Musetti. Enquanto no primeiro tempo o jogador ainda demonstrava alguma participação, com um cabeceio para fora e uma cobrança de falta defendida, a etapa final revelou um declínio precoce em sua entrega.

"O desempenho do Neymar não tá legal, só que eu acho que a postura foi pior do que o desempenho. No primeiro tempo ainda joga, cabeceia pra fora, bate uma falta que o Rossi defende. Na etapa final ele desiste muito cedo. Está 3 a 0 e está dando chapéu e discutindo com o Saúl. Ele larga do jogo. Ele passa a perder um monte de bolas em sequência. Eu acho que é por isso que o Santos reage sem ele. Os minutos finais antes das últimas substituições foram de um Neymar que atrapalha sim. Porque era um Neymar que tinha largado do jogo. Antes era um Neymar que estava competindo."

Essa desengajamento, marcado por discussões e perdas de posse de bola em sequência, transformou Neymar em um elemento que, segundo o colunista, "atrapalhava" a equipe. O contraste entre um Neymar que "competia" e um que "largou do jogo" é apontado como a razão pela qual o Santos conseguiu uma reação, mesmo que tardia, sem a sua presença em campo.