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Cleber Xavier no Santos: Filosofia Tática, Base e Desafios Ofensivos
Por Redação FutSantos em 01/05/2025 07:13
Uma das queixas recorrentes entre os torcedores do Santos durante a gestão de Pedro Caixinha residia na aparente inflexibilidade do esquema tático. Raras foram as ocasiões em que o técnico português se afastou do tradicional 4-3-3, uma constância que gerava insatisfação. Agora, com a chegada de Cleber Xavier para assumir o comando da equipe, a promessa é de uma abordagem distinta.
Em sua primeira interação com a imprensa, o recém-chegado líder do Alvinegro Praiano fez questão de sublinhar que não possui uma predileção por um único sistema de jogo. Sua intenção declarada é moldar a equipe conforme as características e desafios impostos por cada adversário.
Filosofia Tática: Desenho e Adaptação Constante
Eu não gosto muito de esquema, gosto do desenho para construir e para defender. É em cima do desenho, em cima da análise do adversário e de como encontraremos espaço para esse jogo ofensivo.
O treinador aprofundou seu ponto, indicando que a variação será a norma, não a exceção.
Não é o preferido, nem o único (4-3-3). Podemos variar com dois pivôs, meia de flutuação pela direita com o Rollheiser, dois pontas, amplitude na lateral e construção com três. O contexto e o momento vão mostrar o que fazer no jogo. Não é ficar preso ao sistema, é como vamos desenvolver, iniciar e construir. Atacar o último terço. E sempre mudando durante o jogo. Vamos trabalhar o aspecto ofensivo hoje.
Esta declaração sugere uma ruptura com o passado recente e alinha-se com uma expectativa histórica da torcida santista: ver um time com capacidade de se reinventar e surpreender, explorando diferentes facetas do jogo.
O DNA Santista: A Força da Base
Um ponto de destaque na proposta de Cleber Xavier, e que ressoa profundamente com a identidade do clube, é o reconhecimento e a valorização dos atletas formados nas categorias de base, os célebres Meninos da Vila. Com uma trajetória que inclui trabalho formativo em clubes de peso como Grêmio e Internacional, o técnico de 61 anos parece talhado para dar continuidade a essa tradição.
Eu vim da base, trabalhei oito anos no Inter desde 1988, mais oito no Grêmio. Fazia essa relação base-profissional e foi assim na seleção. Vários clubes têm essa característica, o Santos é muito forte nisso. De 33 jogadores, 13 foram feitos no Santos. Do grupo atual, três ainda são da base e vamos aproximar. É dar confiança, desenvolver em aspectos defensivos e ofensivos, ampliar repertório como atleta. Pedi aos mais experientes que cuidem dos meninos. Jogadores dominam bem a função e podem encostar em quem trabalha nessa função para ajudar a comissão técnica a desenvolver. Vou ver jogos da base, conversar com as comissões técnicas e vamos desenvolver mais.
A integração e o desenvolvimento desses jovens talentos, com o suporte dos jogadores mais experientes do elenco, configuram-se como um pilar central em seu projeto no clube.
Desafios para um Ataque Mais Efetivo
Historicamente, o Santos é associado a um futebol ofensivo e com muitos gols. Contudo, a temporada atual sob o comando anterior apresentou números modesto: 30 gols em 20 partidas, uma média de 1,5 tento por confronto. Cleber Xavier abordou esse cenário e a necessidade de transformar o Peixe em uma equipe mais agressiva, embora ressalte que essa transição demanda tempo e trabalho diário para a assimilação dos conceitos.
Futebol é dinâmico, por isso analisamos no pré e no pós-jogo. Tem que jogar às 18h na quinta, viajar e já é outra competição. Não dá para desenvolver sem tempo. Temos tempo rapidamente entre Grêmio e Ceará para colocar alguns conceitos e fazer com que os jogadores entendam e desenvolvam. Tem que ser muito claro. Hora de defender é de defender. Muitos pensam que jogadores ficam liberados de marcar, mas poucos no mundo têm essa liberação. Todos marcam, participam, não dá para abrir mão.
Ele também ponderou sobre as dificuldades inerentes a enfrentar equipes que se postam de maneira defensiva.
Tem que ser ofensivo, mas às vezes é difícil contra quem defende em linha baixa. Tem que saber ser ofensivo contra essas equipes. Não consegui ver o Inter, mas escutei que o Inter criou imensas oportunidades e ganhou de 1 a 0, mas a realidade não era essa e a bola não entra. E aí se analisa por que a bola não entrou.
A retórica é clara: a busca por maior poder de fogo é prioritária, mas sem negligenciar a organização defensiva, que, segundo ele, exige a participação de todos os atletas.
O Início Imediato e o Foco no Mata-Mata
A chegada de Cleber Xavier foi marcada pela urgência. Desembarcando na Vila Belmiro na terça-feira, ele já tinha um compromisso crucial na quinta: a estreia contra o CRB, pela Copa do Brasil. Mesmo com um período exíguo para treinos, o técnico buscou introduzir suas primeiras ideias.
Estudamos o elenco, tem contexto e momento. Trabalhamos de duas formas, organizando defesa e ataque. Conversei com os jogadores. Gosto de pensar jogo a jogo. Tenho ideia específica para esse jogo. Jogo em casa, de fazer resultado positivo em um mata-mata. Vamos conduzir conforme o resultado de agora.
O foco inicial, dadas as circunstâncias, recai sobre o próximo desafio e a necessidade de um desempenho forte atuando em seus domínios.
Temos que pressionar por estar em casa. Trabalhamos como atacar, como organizar movimentos ofensivos de uma equipe que estudamos, que está bem na Série B e conheço muito bem o treinador. Vamos organizar conexões em cima do que pensamos para o jogo.
As primeiras palavras de Cleber Xavier desenham um panorama de mudança, pautado pela adaptabilidade tática, o fomento dos talentos da base e a busca por um ataque mais contundente. O desafio, agora, reside em transformar essas intenções em resultados concretos dentro de campo, começando pelo decisivo confronto de mata-mata.
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