Ceni no Cruzeiro: Entenda o Fracasso de 46 Dias que Precedeu a Queda

Rogério Ceni, uma figura lendária do futebol brasileiro, notabilizou-se por uma carreira singular, tanto como goleiro icônico do São Paulo quanto, mais recentemente, como um dos técnicos mais bem-sucedidos da elite nacional. Seu currículo à beira do campo ostenta conquistas em quase todos os clubes que comandou, com uma notável exceção: o Cruzeiro. É justamente contra a Raposa que seu atual time, o Bahia, se defrontará nesta segunda-feira (15) pelo Campeonato Brasileiro, trazendo à tona as memórias de um período particularmente conturbado.

A experiência de Ceni no comando celeste, em 2019, foi um capítulo breve e amargo. Em apenas 46 dias ? um lapso de tempo inferior a dois meses ?, o treinador viu sua relação com o elenco e o próprio trabalho se deteriorarem de forma vertiginosa. Aquilo que começou com expectativas de resgate, rapidamente se transformou em um cenário de profundos atritos e incompatibilidades, culminando em sua saída prematura.

Meses após a partida de Ceni, a equipe mineira enfrentaria o mais duro golpe de sua história recente, sendo rebaixada para a Série B do Brasileirão. Embora a queda não possa ser atribuída exclusivamente àquele período, a passagem do técnico, permeada por desentendimentos, é frequentemente citada como um dos sintomas da desorganização que assolava o clube naquele ano fatídico. A Raposa só conseguiria retornar à primeira divisão em 2023, após garantir o acesso e o título na temporada anterior, evidenciando a profundidade da situação que se instalara.

A Brevidade de um Legado Incompleto

Desde que iniciou sua trajetória como técnico em 2017, Ceni construiu uma reputação de vencedor. Após sua estreia no São Paulo ? onde, ironicamente, ainda busca um título como treinador, diferentemente de sua gloriosa fase como jogador ?, ele acumulou troféus e reconhecimento à frente de Fortaleza, Flamengo e, mais recentemente, Bahia. Essa sequência de êxitos apenas sublinha a singularidade e o caráter anômalo de sua passagem pela Toca da Raposa, um ponto dissonante em uma carreira marcada pela superação e pela conquista.